Capitânia Advisors

CARTA MENSAL JUNHO/2025

Junho foi mais um mês de valorização dos ativos globais. Ações subiram 4%, com os Estados Unidos agora se juntando à alta. Títulos de dívida corporativa subiram 1,5% e fundos imobiliários globais subiram 0,3%.

As taxas do Tesouro americano de dez anos caíram de 4,40% para 4,23% conforme a inflação naquele país parece misteriosamente alheia às tarifas de Trump. O dólar continuou sua queda contra a cesta de moedas pares, perdendo 2,5% em junho (no ano já são 11%). As commodities subiram 2,4% com altas de 7% no petróleo e 5% no cobre, mas acomodação nos grãos.

A estreia do Irã no circuito de conflitos armados do confronto Leste-Oeste tem falhado em causar maiores preocupações, com o petróleo desfazendo rapidamente a maior parte da alta de 25% a que chegou no decorrer da chamada “Gerra dos Doze Dias”. As commodities têm mantido a alta conquistada até fim do ano passado apesar do petróleo, e não por causa dele.

A tese de “rotação” de carteiras para fora dos Estados Unidos e em direção a ativos menos caros continua a funcionar: as ações de países emergentes ex-China subiram 7% em dólares, bem acima da média global. 

A maré alta levanta muitos barcos: os 31% de valorização do Ibovespa em dólares no ano já foram alcançados ou superados por Alemanha, Espanha, Itália e bolsas europeias menores, México, Chile, Colômbia e Coreia do Sul.

A melhora do Brasil sob um cenário internacional favorável é acelerada ou atrasada dependendo da sua habilidade de criar ou superar mazelas domésticas. Em junho, marcado pela controvérsia do IOF, o real acabou subindo 5,1% contra o dólar e o Ibovespa subiu 1,3%. O risco-Brasil de cinco anos caiu 13 pontos para a 253 e está de volta a meados de 2024.

O índice IFIX de fundos imobiliários teve certa volatilidade, devida à proposta do Governo taxar aplicações financeiras hoje isentas, mas se recuperou e fechou o mês com alta de 0,6%.

No ano, o IFIX está em alta de 11,8%, contra 15,4% do Ibovespa e 8,8% do IMA-B (no mesmo período, o CDI rendeu 6,4% e a inflação IPCA foi provavelmente de 3%). Apesar de o desempenho dos ativos não ser ruim, ele poderia ser bem melhor se o cenário de juros domésticos se resolvesse.

O Banco Central aumentou a taxa SELIC mais uma vez, para 15%, o que amorteceu a queda dos juros nominais: o DI para janeiro de 2027 caiu de 14,13% para 14,09%. A taxa das NTNBs de dez anos fechou com queda de 7,20% para 7,06%. 

Por obstinação do Banco Central ou por outra causa desconhecida, a inflação tem estado controlada: as divulgações mensais ficaram abaixo das expectativas e as projeções caíram: a da FOCUS de 5,46% para 5,20% em 2025 e de 4,81% para 4,68% para os próximos 12 meses (notando que os mesmos bancos que contribuíram com essas previsões continuam prevendo o dólar a 5,70 no final do ano – e ele já está 5% abaixo). A inflação implícita de doze meses nos mercados futuros caiu de 4,4% para 4,1%.

Finalmente, o cenário político de baixa aprovação da presidência dá mais uma chance ao combalido Centro de sonhar com a famosa terceira via.

Compartilhe

Assine a nossa Newsletter
fique por dentro das novidades

Assine a nossa Newsletter fique por dentro das novidades